Listas Bíblicas dos Dons Espirituais 2

“A cada um, porém, é dada a manifestação do Espírito, visando ao bem comum.” 1 Coríntios 12:7

3. Ensino ou mestre.

Referências bíblicas: At 18.24-28; Rm 12.7; 1Co 12.28,29; Ef 4.11-14; 1 Tm 1.10; 4.13,16; 5.17; Tt 2.7.

Palavra grega: didaskalia [διδασκαλια]. Comunicação de princípios, doutrinamento, instrução. Trata-se do mesmo dom de mestre didaskalouj [διδάσκαλουσ] – citado em Efésios 4.11.

“Alguém chamado a procurar, sistematizar e apresentar as verdades da Palavra de Deus de tal forma que outros aprendam.”¹

A definição apresentada por James Zackrison, autor da lição da Escola Sabatina de 1997 e a de Peter Wagner se assemelham muito em sua estrutura básica:

“O dom de ensinar é a especial habilidade que Deus dá a alguns membros do corpo de Cristo mais do que a outros para comunicar informações, atitudes e ideias relevantes para o bem-estar e ministério desse corpo e de seus membros, de tal forma que outros também possam aprender.”²

O dom de ensino capacita o indivíduo para transmitir o conteúdo relevante de maneira envolvente e compreensível. As técnicas da didática moderna podem ser ferramentas que potencializem a manifestação do dom.

Wagner assim o descreve:

“O dom ministerial de mestre é a capacidade especial que Deus dá a certos membros do corpo de Cristo para comunicarem informações relevantes para a saúde e o ministério do corpo de Cristo e seus membros, fazendo-o de tal maneira que outros sejam capazes de aprender.”³

Nas três principais listas de dons do NT aparece o dom de ensino ou mestre (Rm 12; 1Co 12 e Ef 4). Jesus e Seus apóstolos foram identificados como mestres (Mt 7.29; 26.55; Lc 24.27; Jo 3.2; At 2.42; 5.21; 19.10). Na prática do discipulado e do treinamento de novos membros e líderes o dom de ensino é de fundamental importância para que o aprendizado seja desencadeado.

Reconhecemos que todo mestre precisa de uma porção especial da graça do Senhor e de Sua capacitação porque tem nas mãos uma responsabilidade muitos grande, ao mesmo tempo em que é um privilégio ser um discipulador daqueles que irão instruir outros.⁴

Ensinar é simplesmente uma capacidade, dada pelo Espírito, de firmar na vida de cristãos o conhecimento da Palavra de Deus e a sua aplicação em seu pensar e agir. O objetivo do ensino é que os cristãos sejam conformes à imagem de Jesus. Isto pode e deveria ser feita com simplicidade, amor e profundidade.⁵

Atividades relacionadas: Professores da escola bíblica, líderes de PG, diretores de classe bíblica, pregadores, evangelistas, seminaristas.

4. Exortação ou aconselhamento.

Referências bíblicas: Mt 8.5; 9:8; Lc 3.18; At 16.9; Rm 12.8; 1Co 14.3; 2Co 1.4; 7.6; 1Ts 2.11; 1Pe 5.12; 2Pe 3.1.

Palavra grega: parakalwn [παρακαλων] Estímulo à fé, encorajamento, conforto, rogo, apelo, consolo, exortação.

Trata-se de uma ação interessada no bem do outro que move o indivíduo a interferir num curso de comportamento visando ajustar as pessoas à vontade de Deus para elas. É definido como “a motivação de chamar (encorajar, animar) alguém a agir segundo os propósitos de Deus, ajudando-o a experimentar verdades divinas e, assim, ser abençoado.”⁶

As pessoas que foram dotadas pelo Espírito Santo com este dom têm um ministério profícuo devido ao alto índice de membros e interessados da igreja que buscam orientação para lidarem com os problemas e conflitos de suas vidas. Na medida em que nos aproximamos do tempo do fim esta demanda tende a aumentar e este dom torna-se mais necessário no corpo de Cristo onde se refletem as crises pelas quais passa o mundo.

“O dom da exortação corresponde à habilidade especial que Deus dá a algumas pessoas na igreja para melhor do que outras, falarem palavras de conforto, consolo, encorajamento e conselho a outros membros de tal forma que essas pessoas se sintam ajudadas e curadas.”⁷

O profeta Isaias relata: “O Senhor Deus me deu língua de eruditos, para que eu saiba dizer boa palavra ao cansado. Ele me desperta todas as manhãs, desperta-me o ouvido para que eu ouça como os eruditos (Is 50:4).

Atividades relacionadas: Pastores, conselheiros, pregadores, visitadores, aconselhamento familiar, trabalho com jovens, com pessoas doentes e grupos de apoio.

 

5. Contribuir ou Repartir.

Referências bíblicas: Mt.25:1-30; Lc 3:11; 8:1-3; Jo 12:3-8; At 4:32-37; Rm 1:11; 12:8; 1Co 29:9; Ef 4:28 (algumas literaturas se referem a este dom como: ofertar, generosidade).

Palavra grega: metadidouj [μεταδιδουσ] transmitir, partilhar, compartilhar, doar uma parte, dar ou contribuir com generosidade.

Retrata a capacidade dada por Deus a alguns membros do corpo de Cristo de doar dinheiro e recursos, em montantes relativamente significativos e com certa frequência, à obra do Senhor ou a pessoas necessitadas, com alegria e liberalidade.

As pessoas portadoras deste dom têm uma capacidade excepcional de desprendimento e de se sensibilizar com as necessidades dos outros e da obra de Deus. Elas são dotadas de um senso refinado de seu papel como mordomo daquilo que Deus lhes outorgou administrar e o fazem visando principalmente o Seu reino e Seus filhos necessitados.

Convém salientar que o dom de contribuir ou repartir não se expressa apenas na doação financeira, mas em diversos outros aspectos como tempo, atenção, dedicação, afeto, etc.

Atividades relacionadas: Dirigir campanhas de doação, e assistência social, cuidar de pessoas carentes afetivamente, participar de projetos filantrópicos, apoiar campanhas missionárias, fazer doações para necessidades regulares e especiais.

6. Presidir ou exercer liderança.

Referências bíblicas: Rm 12:8; 1Ts 5:12; 1Tm 3:4,5,12; 5:17; Tt 3: 8,14.

Palavra grega: proista, menoj [προισταμενοσ] presidir ou administrar, autoridade, governo.

Trata-se da capacidade excepcional que alguns membros têm de estar à frente de processos e pessoas na busca de soluções para as necessidades corporativas e individuais sempre visando o avanço do reino de Deus. O líder espiritual tem uma visão focada nos propósitos de Deus e com ela em mente direciona pessoas e grupos, mobilizando-os para o pleno cumprimento dos alvos e objetivos do reino de Deus.

“O dom da liderança é aquela capacidade especial que Deus dá a certos membros do corpo de Cristo para estabelecer alvos harmônicos com o propósito de Deus para o futuro, transmitindo esses alvos a outros de tal modo que, voluntaria e harmoniosamente, operem juntos para concretizar aqueles alvos para a glória de Deus.”⁸

Atividades relacionadas: liderar áreas variadas da igreja, diretor de igreja, ou departamentos, liderar comissões e grupos de trabalho, presidir campanhas e empreendimentos.

7. Exercer misericórdia ou compaixão.

Referências bíblicas: Mt 25:37-40; Mc 9:41; Lc 10:33-37; At 4:32; 9:36-42; Rm 12:4-8; 2Co 9:12,13; Gl 6:10; Tg 2:14-17.

Palavra grega: elewn [ελεων] misericórdia, piedade, simpatia, consolo, bondade, dar esmola.

O dom da misericórdia é a capacidade especial dada por Deus a alguns membros do corpo de Cristo para perceberem e se sensibilizarem com as necessidades de pessoas aflitas e oprimidas, e agirem efetivamente para sanar suas necessidades.

Quem tem este dom experimenta um alto grau de empatia e compaixão frente às carências dos outros. “Elas têm uma graça especial para sentir a dor do outro e responder com compaixão e ternura.”⁹ O dom capacita o cristão não apenas a perceber e se importar com as mazelas alheias, mas o impulsiona a agir com presteza confrontando as circunstâncias que provocaram o sofrimento do outro.

De todo crente espera-se que seja misericordioso. Essa é uma atitude que reflete o fruto do Espírito. Mas aqueles que receberam o dom da misericórdia fazem da compaixão e da bondade o seu estilo de vida. E não reagem simplesmente diante das emergências, conforme espera-se que façam todos os crentes. Mas continuamente buscam oportunidades de mostrar misericórdia pelos miseráveis.¹⁰

Misericórdia como dom se revela numa predisposição e motivação pessoal para se envolver com o sofrimento físico, emocional ou material de pessoas cristãs ou não cristãs e essa preocupação se traduz em atos de caridade refletindo o amor de Deus e Seu interesse em aliviar o sofrimento humano.

Atividades relacionadas: Trabalho com necessitados de alimento e agasalho, grupos carentes da sociedade, enfermos, deficientes, oração intercessora, ministério nas prisões.

8. Palavra de sabedoria.

Referências bíblicas: 1Rs 3:7-12; Ec 12:11; Pv 4:7; 9:10; 1Co 12:8.

Palavras gregas: logos sofias [λογοσ σοφιασ] Conselho sábio, palavra sábia, sabedoria, erudição, sapiência, prudência, ponderação.

Sabedoria é o dom do Espírito que traz percepção e discernimento, capacitando a pessoa a fazer uma leitura correta do problema e encontrar as soluções mais adequadas e em menor tempo, obtendo assim melhores resultados.

“É aquela capacidade especial que Deus dá a certos membros do corpo de Cristo para sondarem a mente do Espírito Santo de modo a receberem discernimento sobre como o conhecimento dado pode ser mais bem aplicado às necessidades específicas que vão surgindo no corpo de Cristo.”¹¹

O tipo de sabedoria resultante do dom do Espírito não é o produto do estudo e do pensamento reflexivo ou fruto da intuição estática, mas a capacitação para o crente se posicionar da maneira mais adequada diante de dilemas que exigem soluções específicas.

É a habilidade especial que Deus dá para usar o conhecimento de uma forma prática. É o saber como chegar rapidamente ao coração de um determinado problema. [Os portadores deste dom.] Têm mentes práticas e habilidade para solucionar problemas. Gastam pouco tempo para tomar decisões, porque podem advertir com alto grau de exatidão quais serão os resultados. Quando os que têm este dom falam, outros reconhecem a verdade apresentada e a conduta correta que se está recomendando.¹²

Atividades relacionadas: aconselhamento, ensino da Bíblia, pregação, realização de palestras educativas, participação em comissões, acompanhamento de conflitos.

9. Palavra do conhecimento ou ciência.

Referências bíblicas: 1Sm 9:15-20; 10:21,22; 2Rs 6:8-12; Jo 4:16-19; At 5:1-11; 27:21-26; Rm 15:14; 1Co 8:1,2; 12:8; 13:2,8-10; 2Co 3:14-19; Ef 3:14-19.

Palavras gregas: logos gnwsews [λογοσ γνωσευσ] Conhecimento, falar com propriedade, prudência, circunspecção.

O dom é da palavra do conhecimento e não do conhecimento, e isso faz tremenda diferença. Conhecimento pode ser adquirido mediante esforço pessoal e busca constante e esse conhecimento pode ser traduzido em palavras repletas de erudição e fundamentação, como resultado da pesquisa, mas o dom do da palavra do conhecimento é mais que isso, provém da parte de Deus, como uma capacitação especial concedida pelo Espírito Santo que permite processar um grande volume de informação e posteriormente lançar mão de tais dados para a solução de questões complexas da vida no ambiente da igreja ou fora dela.

A pessoa dotada desse dom sabe aprender. Deve-se esperar dela que obtenha a verdade antes de outras pessoas, e que origine novas ideias. Tal crente anela por aprender, sua atenção concentra-se por muito tempo, e é capaz de absorver e reter imensa quantidade de informações. É um erudito, sempre à vontade com pesquisas, e com frequência pode ser encontrado no mundo acadêmico.¹³

Mediante o dom da palavra de conhecimento o cristão é levado a formular sua abordagem em torno de cada tema com o qual se defronta, de forma abalizada, com segurança e domínio do assunto; um especial discernimento espiritual. A palavra de conhecimento demonstra iluminação no uso de termos adequados, baseados em conhecimento e fundamentados na orientação proporcionada pelo Espírito Santo para determinado momento.

“Esse dom capacita cristãos a descobrir, coletar, analisar e formular informações e ideias que são importantes para o bem da igreja.”¹⁴

A palavra do conhecimento, como todo dom espiritual, é uma dotação fora do comum ou sobrenatural outorgada pelo Espírito de Deus a certos membros do corpo de Cristo. Se fosse um conhecimento comum, mesmo que excepcional, mas adquirido mediante o esforço da pesquisa, apenas, não seria um dom espiritual. Aqueles que são capacitados com este dom têm uma pré-disposição para estudar e buscar informações relevantes no contexto de seu ministério, mas a palavra de conhecimento como dom, é uma manifestação sobrenatural assim como são todos os outros dons do espírito.

Atividades relacionadas: aconselhamento, ensino da Bíblia, pregação, realização de palestras educativas, participação em comissões.

10. Fé.

Referências bíblicas: Mt 8:5-13; 15:21-18; Rm 4:8-21; 1Co 12:9; 13:2; Tg 1:5-8.

Palavra grega: pistis [πιστισ] – do verbo piseuw – [πιστέυω] – ter fé, crer na intervenção divina, estar convencido, dar crédito, confiar, considerar possível.

Fé como dom, é a capacitação especial do Espírito que habilita o crente a discernir a vontade de Deus e Seus propósitos, e a avançar com extraordinária confiança, certo de que alcançará o objetivo e verá o cumprimento das promessas de Deus.

Fé significa muito para os cristãos. Ela é o fundamento da nova vida, pois a justificação que marca o primeiro estágio da vida com Cristo é recebida pela fé (Rm 5:1; Gl 2:16; 3:24). Sem fé não há experiência cristã, “sem fé é impossível agradar a Deus, porquanto é necessário que aquele que se aproxima de Deus creia que ele existe, e que se torna galardoador dos que o buscam” (Hb 11:6).

A fé destaca-se como dom e como fruto do Espírito, mas há que se fazer distinção destes dois aspectos:

“A fé como dom do Espírito Santo não se refere à fé salvadora, nem à fé comum dos cristãos, mas sim a uma confiança tal em Deus, pela oração, que enfrenta os maiores problemas e os vence no Senhor. Muitos fundadores de grandes empresas missionárias tiveram e têm este dom,”¹⁵

A fé que salva (Ef 2:8) não precisa ser a excepcional experiência do dom espiritual. Tanto a tenra fé do neófito que conhece pouco de Deus, mas o suficiente para confiar nEle, como a experiência da fé como fruto do Espírito, desenvolvida no coração do crente no processo de santificação, podem trazer a “certeza das coisas que se esperam, a convicção de fatos que se não veem” (Hb 11:1).

Mas a fé madura e exuberante que é o dom do Espírito se diferencia destas outras experiências e por isso não podemos esperar que todos os crentes a possuam.

“O fruto do Espírito Santo é o resultado do processo de santificação do caráter do homem, após a salvação, enquanto os dons do Espírito são os instrumentos de poder, concedidos por Deus, em tempos de necessidade.”¹⁶

Aqueles que possuem este dom são visionários capazes de antever a intervenção de Deus em dada circunstância e, com um elevado grau de certeza seguem convictos dessa impressão como se ela estivesse patente aos olhos de todas as outras pessoas envolvidas. Sabem muito bem o que significa andar “por fé e não pelo que vemos” (2Co 5:7). Quem tem o dom da fé reivindica as promessas de Deus e segue considerando possível o que outros avaliam como impossível.

Atividades relacionadas: trabalho de encorajamento e motivação, oração intercessora, direção de campanhas, presidir grupos de trabalho com dependentes químicos e grupos de difícil acesso.


Referências

  1. David Kornfield, 24.

  2. James Zackrison, Dons Espirituais Chaves para a Ministério (Tatuí, SP: Casa Publicadora Brasileira, Lição da Escola Sabatina, primeiro trimestre de 1997), lição 7, p. 3.

  3. Peter Wagner, 128

  4. Donaldo D Turner, A Doutrina do Espírito Santo (São Paulo, SP: Imprensa Batista Regular, 1990), 186.

  5. John R. Stott, Batismo e Plenitude do Espírito Santo (São Paulo, SP: Edições Vida Nova, 1988), 141. David Kornfield, 24.

  6. David Kornfield, 24.

  7. James Zackrison, lição 6, pág. 4.

  8. C. Peter Wagner, Descubra Seus Dons Espirituais (São Paulo, SP: Abba Press, 2004), 163.

  9. David Kornfield, 159.

  10. C. Peter Wagner, 225.

  11. C. Peter Wagner, 222.

  12. Arnaldo Henriquez, 8.

  13. C. Peter Wagner, 220.

  14. Christian Scwartz, 107.

  15. Donaldo D Turner, 187.

  16. Gordon Chown, Os Dons do Espirito Santo (São Paulo, SP Editora Vida, 2002), 68.

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