Dons – Ferramentas para o Ministério

Oficina de Dons

Os dons espirituais são ferramentas com as quais o Espírito Santo mune a igreja, através de cada um de seus membros, para o cumprimento de sua missão corporativa: a grande comissão (Mt 28:19-21). No momento em que os membros da igreja experimentam o discipulado de Cristo eles também assumem a missão de Cristo.

Cada um precisa descobrir seu lugar no corpo de Cristo, identificar quais as ferramentas que Deus o dotou para realizar a sua parte no cumprimento da grande comissão. Se é verdade que todo cristão foi dotado de pelo menos um dom espiritual, uma ferramenta de trabalho no ministério, também é verdade que para todos aqueles que receberam tal ferramenta há um plano de ação, um projeto traçado para a execução de algum serviço.

Não teria sentido Deus municiar qualquer um com uma ferramenta e depois o orientar a não usá-la por não ter nenhum plano para com essa pessoa, de posse de tal ferramenta. Com certeza Deus não muniria a ninguém de um dom espiritual sem que tivesse um propósito com isso.

Imagine o administrador de uma grande obra de construção civil distribuindo ferramentas entre os operários e dizendo a eles que não devem usá-las em nenhum momento, para propósito algum.  Imagine você recebendo um martelo, uma pá ou um serrote, em um canteiro de obras, um ambiente repleto de oportunidades de serviços e uma orientação dissonante: “não use esta ferramenta, não faça nada com ela, apenas observe”. A pergunta lógica que qualquer um nessa situação faria é: para que, então, esta ferramenta me foi oferecida? Eu não preciso dela para ser um mero observador.

Quando Deus mune o cristão com um dom espiritual Ele o faz para libertá-lo da inatividade, não pra mantê-lo nela. Ele não municia a ninguém com um instrumento para mantê-lo como mero expectador. Se podemos afirmar com toda certeza que um dom não existe, este é o dom da mera observação. Observar passivamente, o ministério dos outros nunca fez parte do plano de Deus para aqueles que O buscam. A entrega de um dom é um chamado ao ministério. Significa que Ele quer que aquele que recebeu o dom atue efetivamente em um ministério específico.

 

A ferramenta certa nas mãos certas.

Outro aspecto dessa questão estabelece que Deus não espera e, portanto, não cobrará de ninguém, resultados por serviços prestados numa área para a qual Ele não habilitou a pessoa. Ele não esperará que você derrube uma árvore se não te houver munido de uma serra, um machado ou não te ensinar um método de fazê-lo sem tais ferramentas. Deus não terá projeto nenhum, com ninguém, numa área para a qual Ele não tenha capacitado a pessoa mediante a ministração dos dons espirituais. Evidentemente, os dons espirituais representam a maneira de Deus nos capacitar para o ministério, mas isso não impede que cada pessoa busque suas competências mediante treinamento e esforço pessoal a fim de fazer melhor cada tarefa que lhe vier à mão (Ec 2:10) e, nesse empreendimento, contará, certamente, com o auxílio divino.

Os dons são dados com a plena autoridade e supremacia do Espírito. Isso significa que Ele os dá a quem quiser e na intensidade que desejar. Usando as ferramentas do carpinteiro como exemplo, compreendemos que Deus, mediante Seu Espírito, dará o serrote a quem Ele quiser e, além disso, o serrote que Ele dá a um pode ser maior e mais afiado do que o que Ele oferece a outro, precisando este, mediante o esforço pessoal, aperfeiçoar sua ferramenta de trabalho no ministério. Isso significa que cada um deve aplicar esforços para desenvolver e aperfeiçoar os dons espirituais que recebeu a partir da capacitação do Espírito Santo, lembrando com humildade que Ele é soberano tanto na escolha dos dons quanto na intensidade em que os mesmos são distribuídos na experiência de cada cristão.

Se Deus não der a ferramenta adequada para um determinado ministério, o cristão não precisa se preocupar, Ele não esperará que ele atue em tal ministério. Ele não terá expectativas a respeito de alguém numa área específica para a qual Ele não o dotou. O que ninguém pode esquecer é que Deus sempre coloca nas mãos de cada cristão, pelo menos uma ferramenta. Não tem nenhum cristão destituído sequer de um dom espiritual, todos têm ao menos um. O que todos precisam é procurar “com zelo, os melhores dons” (1Co 12:31). A falta de zelo, dedicação e atenção aos dons espirituais talvez seja uma das razões porque muitos cristãos e igrejas ainda não experimentaram todo o nível de contentamento e realização em sua obra como instrumentos de Deus na Terra.

Além disso, adverte o apóstolo: ninguém deve ignorar esta verdade tão importante (1Co 12:1); porque se Deus deu uma ferramenta para cada um – e cremos que Ele assim o fez – está esperando que cada um atue segundo o dom (ou os dons) que recebeu. A obra de Deus precisa da atuação de todos para que ela se complete e se realize. Cada cristão, sabedor e zeloso dos dons que recebeu, fará a sua parte para que os propósitos de Deus sejam cumpridos aqui na Terra.

Cada membro do corpo de Cristo precisa descobrir quais as ferramentas que Deus disponibilizou para ele e deve fazer uso delas em um ministério eficaz. Assim, a igreja será revolucionada pela atuação harmônica, interdependente e coordenada de seus membros conscientes de seu chamado, missão e propósito.

 

Oficina de Dons

 

O Risco de atuar sem as ferramentas.

Um quadro delicado que frequentemente se observa em algumas igrejas é quando alguém está tentando atuar em um ministério para o qual não foi dotado, portanto chamado, pelo Espírito. Há membros que simplesmente simpatizam com algumas áreas de atuação, a exemplo do ministério da música, e decidem atuar naquele ministério sem atentar para o fato de que não foi munido com as ferramentas necessárias para tal função. Quanto sofrimento tem sido imposto à igreja quando isso acontece! Existem aqueles que “querem” ser líderes. Gostam de exercer autoridade e estar à frente dos projetos e eventos. O tempo revela que não foram munidos com a devida capacitação para serem líderes e, frequentemente, muitos destes persistem por toda a vida sem se dar conta de quais dons, realmente, receberam do Espírito Santo, muito menos se liderança está entre eles. Ainda há aqueles que “decidem” ser pregadores. Acham bonito o ministrar a Palavra de púlpito, ouviram eloquentes pregadores e assimilaram seu estilo. Até participaram de um “curso intensivo” de oratória sacra…

Tal episódio pode ser representado de forma pitoresca com o quadro fictício de um canteiro de obras. Lá existem alguns trabalhadores que, com um martelo na mão, estão batendo na cabeça de um parafuso. Ora, para trabalhar com um parafuso você não precisa de um martelo, e sim de uma chave de fenda, mas tem gente que recebeu de Deus um martelo e, em vez de procurar um prego para golpeá-lo, trabalha desferindo golpes em um parafuso. Assim, quando o cristão não atua em harmonia com seus dons espirituais ele e sua igreja correm sérios riscos. Essa desarmonia tem um alto preço para todos os envolvidos e esse prejuízo se revela de várias formas:

(1) Ele está fazendo a obra errada. Sua performance nunca será a mesma que seria se ele estivesse atuando na área para a qual foi dotado e chamado pelo Espírito. Ele sempre terá um grau de frustração para amargar e nunca se sentirá plenamente satisfeito ou realizado com seu trabalho enquanto estiver atuando em desacordo com seus dons espirituais.

(2) Quando um cristão atua em desarmonia com seus dons espirituais ele ocupa o lugar de outra pessoa, de alguém que deveria estar ali onde ele, equivocadamente está. Isso porque, naquele posto de serviço, trabalhando com o parafuso, quem deveria estar não é o membro munido com o martelo, mas o outro que foi dotado com uma chave de fenda como ferramenta de trabalho. Assim, alguém está sendo prejudicado porque alguém está atuando no lugar errado e impedindo outro de estar ali.

(3) Um dom está inativo e dom inativo tem um alto potencial de ser extinto. O verdadeiro dom daquele que atua em um ministério equivocado permanece inativo por todo o tempo em que ele insistir em atuar sem considerar a capacitação do Espírito mediante seus verdadeiros dons espirituais. Com o tempo pode haver uma perda irreparável do ponto de vista operacional e do propósito de Deus para com determinada pessoa. Esse seria um alto preço a pagar pela falta de atenção ao importante tema dos dons espirituais.

(4) Outro fator na esteira de prejuízos por conta da desatenção à questão dos dons espirituais é que nesta condição, um ministério não está sendo realizado. Enquanto alguém dedica tempo em realizar uma obra diferente daquela para a qual foi capacitada pelo Espírito mediante a ministração de um dom espiritual, a verdadeira tarefa para a qual foi capacitado está por fazer. O prego no qual este membro deverá estar desferindo golpes certeiros está lá, parado, intacto e sem utilidade esperando o trabalho adequado do martelo para torná-lo útil.

Oficina de Dons

(5) O propósito bíblico para os dons espirituais é frustrado. Sempre que algum membro estiver batendo com um martelo na cabeça de um parafuso os propósitos bíblicos para os dons espirituais estará sendo frustrado. Não acontecerá o “aperfeiçoamento dos santos para o desempenho do seu serviço” nem a “edificação do corpo de Cristo” (Ef 4:12). Nenhum desses aspectos podem se concretizar na experiência de um membro que, portando um martelo, segue batendo na cabeça de parafusos. Ele não se aperfeiçoa porque quem está com um martelo na mão não aperfeiçoa seu serviço batendo na cabeça de parafusos – a menos que se considere o aperfeiçoamento no erro, mas esse não é o plano de Deus para ninguém. Também não está desempenhando um ministério, simplesmente porque não existe esse ministério de “bater em parafusos com martelos nas mãos”. Essa bem pode ser chamada de “uma obra estranha”. O corpo de Cristo também não está sendo edificado pois aquele cenário é mais de demolição do que de edificação. O martelo está sendo machucado ao desferir golpes desnecessários, o parafuso está sendo ferido ao receber os violentos golpes do martelo, a madeira esta sendo agredida ao receber o parafuso aos socos e não no movimento rotativo apropriado e logo aquela peça de madeira não terá mais utilidade.

(6) A igreja da qual faz parte o membro que atua em desacordo com seus dons, está acumulando prejuízos, perdas irreparáveis e não pode se organizar completamente baseada em ministérios orientados pelos dons espirituais enquanto o dado membro não se adequar a este modelo bíblico de ministério.

(7) O Espírito Santo (e, por extensão, toda a divindade), soberano doador dos dons espirituais, não estará sendo glorificado plenamente numa vida ou numa igreja onde o Seu plano de distribuir dons (1Co 12:6-11, 24, 28) para suscitar ministérios correlacionados, não esteja sendo respeitado ou observado. Este indivíduo ou igreja não contará com a plena realização de seus esforços por não estar trabalhando segundo o plano de Deus mediante a distribuição dos dons.

O movimento de volta às origens da igreja é um exercício saudável e necessário, pois a igreja primitiva, aquela que saiu das mãos de Jesus e dos apóstolos, oferece à cristandade de todas as épocas um modelo triunfante que precisa ser resgatado, especialmente nesta era laodiceana. Algumas das principais características dessa igreja modelo foram: foco na missão, senso de urgência, liderança marcante, organização progressiva, apego à luz da época, pequenos grupos relacionais, ministérios orientados pelos dons espirituais.

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Willaim Wright

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