Como mencionado, os dons espirituais são atributos especiais dados pelo Espírito Santo a cada membro do Corpo de Cristo, de acordo com a graça de Deus, para serem usados no contexto da Igreja e são disponibilizados por ocasião do nascimento espiritual. Os talentos naturais, entretanto, são concedidos de forma mais frequente e são disseminados mais generalizadamente que os dons espirituais.
Talentos naturais podem ser descritos como “dotes intelectuais, ou habilidades, que dão valor e distingue a pessoa, por seu entendimento e inteligência, em determinadas áreas da vida”[1] São atributos naturais possuídos por crentes e descrentes oferecidos por Deus por ocasião do nascimento físico. Os ateus têm talentos naturais tanto quanto os cristãos porque se trata de dotes universais embora nem todas as pessoas tenham os mesmos talentos sabe-se que “a maioria das pessoas têm talentos para alguma coisa, o que também provém do Criador”.
Fazendo distinção.
Embora não há necessidade de se traçar uma linha divisória muito rígida entre as duas realidades, algumas verdades sobre os talentos naturais em relação aos dons espirituais precisam ser destacadas.
Talentos naturais são adquiridos por ocasião do primeiro nascimento, dons espirituais vêm com o novo nascimento. Somente aqueles que receberam o Espírito Santo em sua vida têm os dons do Espírito. Os talentos naturais podem ser transformados pelo Espírito Santo em dons espirituais por ocasião da conversão do instrumento humano, desde que o Espírito Santo queira usar aquela competência para os objetivos espirituais a que se valem os dons. “É fácil confundir dons com talentos. Todos nós possuímos talentos herdados. Os cristãos dedicam todos os seus talentos ao Senhor, porém nem sempre o Espírito Santo converte os dons naturais em dons espirituais.”
Deus gosta de dar presentes por ocasião do nascimento das pessoas. Os talentos naturais são presentes de Deus oferecidos a todas as pessoas quando elas nascem e, por este prisma, podemos dizer que todas as pessoas são talentosas, embora nem todas identificam seus talentos.
“Os talentos naturais uma expressão da graça comum de Deus a todos os que têm vida. Os dons espirituais são uma graça específica dada por Deus aos que recebem uma nova vida.”
No novo nascimento ganhamos outro presente de Deus: os dons espirituais. Infelizmente a tragédia se repete. Nem todas as pessoas descobrem seus dons espirituais, não tiram proveito deles, não cumprem todo o propósito de Deus para sua vida.
A origem é a mesma.
Os dons espirituais e os talentos naturais podem variar em medida e tipo, mas ambos são igualmente dados por Deus (Tg 1:17), ambos se originam na Onipotência e dela dependem para sua manutenção e crescimento. Acerca da diferença entre talentos naturais e dons espirituais o Dr. John Stott observa:
Deve haver alguma diferença, na verdade uma diferença clara, porque o Deus da criação, por um lado, em Sua providência dá talentos a todos os homens e mulheres […] e, por outro, o Deus da nova criação, a Igreja, confere “dons espirituais” somente às pessoas redimidas. São os dons espirituais que diferenciam os membros do corpo de Cristo, pois cada membro do Corpo tem um dom ou função. Mesmo assim, devemos ter cautela em deduzir disto que não há nenhum vínculo entre dons e talentos.[1]
Deve haver alguma diferença, na verdade uma diferença clara, porque o Deus da criação, por um lado, em Sua providência dá talentos a todos os homens e mulheres […] e, por outro, o Deus da nova criação, a Igreja, confere “dons espirituais” somente às pessoas redimidas. São os dons espirituais que diferenciam os membros do corpo de Cristo, pois cada membro do Corpo tem um dom ou função. Mesmo assim, devemos ter cautela em deduzir disto que não há nenhum vínculo entre dons e talentos.
Além de se originarem em Deus, os dons tanto quanto os talentos existem para servirem a propósitos nobres que vão além dos interesses egoístas dos seus portadores. Lamentavelmente nem todas as pessoas que possuem talentos naturais estão sob a direção de Deus para que tais propósitos sejam alcançados, portanto usam seus talentos de forma equivocada, para a própria glória e sem reconhecimento do Doador.
Um orador eloquente pode receber, como resultado de sua conversão, o carisma da pregação e fazer dela um ministério que cumpra todos os propósitos dos dons espirituais. Isso porque Deus tem o poder de transformar talentos naturais em dons espirituais. E esse é o grande sonho de Deus, que todos se convertam e tenham seus talentos convertidos em dons.
Resumindo: os talentos naturais são ofertados por Deus a todas as pessoas por ocasião de seu nascimento natural e podem ser usados principalmente para os interesses pessoais e ocasionalmente para os interesses do reino de Deus. Já os dons espirituais são ofertados por Deus somente aos cristãos, por ocasião de seu nascimento espiritual e devem ser usados principalmente para os interesses do reino de Deus e ocasionalmente para proveito pessoal do seu portador.
Dons espirituais e esforço pessoal.
Embora os dons espirituais sejam dádivas originadas da parte de Deus para capacitar seus filhos a desenvolverem ministérios profícuos, a atitude humana pode corroborar com o dom espiritual no sentido de buscar, mediante esforços pessoais, o seu aperfeiçoamento. Uma pessoa que recebeu o dom espiritual da palavra de conhecimento pode se dedicar aos estudos de tal maneira que ofereça “suporte” ao seu dom.
Alguém que tem o dom da música e canta excepcionalmente, pode praticar técnicas vocais, buscar o auxilio de um profissional de fonoaudiologia e se abster de alguns alimentos que prejudicam as pregas vocais, assim “fortalecerá” seu dom espiritual mantendo a melhor performance possível. Aquele que tem o dom da liderança pode assistir a bons seminários e ler livros bem recomendados na área e assim se manter atualizado com as técnicas mais modernas de mobilização e obtenção de resultados no trabalho com as pessoas. Isso só irá colaborar no desempenho de seu ministério relacionado com o dom que recebeu de Deus.
Arnaldo Henriquez, Os Dons Espirituais, Apostila (Brasília DF: Departamento de Mordomia da Divisão Sul-Americana da IASD, s.d.), 03. Billy Graham, O Espírito Santo (São Paulo, SP: Edições Vida Nova, 1992), 131. James Zackrison, Dons Espirituais Chaves Para o Ministério (Tatuí, SP: Casa Publicadora Brasileira, Lição da Escola Sabatina, primeiro trimestre de 1997), lição 01, p. 97. Comentário retirado de um site religioso da internet: www.igrejas.com.br. John Stott, Batismo e Plenitude do Espírito Santo (São Paulo, SP: Editora Vida Nova, 1988), 84.
